quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Personagens da República II - AFONSO COSTA

Afonso Augusto da Costa nasceu a 6 de Março de 1871 em Santa Maria, no Concelho de Seia, filho do advogado Sebastião Fernandes da Costa e Ana Augusta Pereira da Costa. Morreu em Paris a 11 de Maio de 1937, tendo sido sepultado inicialmente em Neuilly-sur-Seine, no jazigo de Robert Burnay, sendo trasladado posteriormente, em 1950, para o cemitério de Cemitério do Père-Lachaise, em Paris. Os seus restos mortais só em 1971 foram trasladados para Portugal, encontrando-se actualmente em Seia, no jazigo da família.
Em 1883 realizou, na Guarda, os primeiros exames secundários, ingressando no Liceu da Guarda em Outubro desse mesmo ano. Em 1888, entrou na faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, sendo um dos melhores alunos do curso onde, em 1894, se licenciou. Doutorou-se a 9 de Junho com a dissertação A Igreja e a questão social, obra em que ataca violentamente a então recente encíclica Rerum novarum. Em 1896 torna-se professor da Universidade de Coimbra (era o mais novo de todo o corpo catedrático) tornando-se, igualmente, um advogado muito respeitado. Entrou na política cedo - defendendo ideias republicanas – afirmando-se como uma das mais importantes figuras do Partido Republicano. Foi Presidente do Conselho de Ministros, ministro, dirigente do Partido Republicano e do Partido Democrático. Entrou no Parlamento nas eleições de 1900 e também com a proclamação da República em 1910, assumindo a pasta da Justiça do Governo Provisório. Afonso Costa era corajoso e determinado, criou as condições básicas para um estado laico. Mais tarde foi afastado do poder pelo golpe de Sidónio Pais e não voltou para o governo. Em oposição ao Estado Novo, exilou-se em Paris.
Para saber mais - aqui, ou por aqui e mais aqui.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Personagens da República I - BERNARDINO MACHADO


Nasceu no Rio de Janeiro em 28 de Março de 1851, filho de António Luís Machado Guimarães e da sua segunda esposa Dona Praxedes de Sousa Guimarães.

Em 1860, a família regressa definitivamente a Portugal, fixando residência em Joanes, concelho de Famalicão. O pai virá a ser o 1.º barão daquela localidade. Em 1872, aquando da sua maioridade, opta pela nacionalidade portuguesa.

Em 1882, casa com Elzira Dantas, filha do conselheiro Miguel Dantas Gonçalves Pereira, de quem teve dezoito filhos.
Faleceu em 28 de Abril de 1944.
Como político, desde a sua estreia parlamentar, auspiciosamente saudada por Tomás Ribeiro e Ramalho Ortigão, até aos derradeiros momentos da sua vida, foi um defensor inabalável das liberdades e das franquias populares, sem nunca ter resvalado para a demagogia, absolutamente incompatível com a sua vasta cultura filosófica, com a sua educação e a sua lucidez de espírito. Adversário implacável das ditaduras, a todos combateu com invulgar energia e persistência. Os exemplos estão bem vivos no combate ao governo de Hintze Ribeiro e na sua participação no conflito académico de 1907, solidarizando-se com os estudantes. (João Montes, O conceito de liberdade e democracia em Bernardino Machado. A teorização do Estado, - Texto in Boletim Cutural 8, CMVNF, 1988 (pag. 139-152). Imagem retirada daqui
Sobre Bernardino Machado:

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Oa sete pecados da República

Os 7 pecados da República - Fernanda Rolo (Comissária das comemorações do Centenário)

1. O vazio ideológico - Não tardou muito para que os próprios limites do modelo político-constitucional em que a República assentara viessem ao cimo, revelando, também, por entre outros matizes, o vazio ideológico de parte dos seus líderes. Entretanto, era cada vez mais notória a frustração com que os partidos conservadores - reduzidos a uma fraca expressão eleitoral - passaram a encarar o golpismo militar como o instrumento mais eficaz para fazer face a um Partido Democrático que, através de uma rede de caciques espalhada por todo o país, controlava, diretamente, grande parte dos atos eleitorais.
2. A alienação do apoio das classes mais baixas - No seu conjunto, as classes mais humildes estavam convencidas de que a implantação da República se traduziria imediatamente numa melhoria da situação económica nacional, o que, a prazo, acabaria por se refletir favoravelmente no seu nível de vida. Entretanto, e uma vez que nenhuma mudança significativa tinha sido introduzida nesse sentido, a impaciência das classes trabalhadoras começou a exteriorizar-se, de tal forma que nos primeiros meses de 1911 já quase todas as corporações operárias de Lisboa tinham organizado greves. O movimento estendeu-se rapidamente a todo o país, contabilizando-se, no final de 1911, um total de 42 greves envolvendo 25.670 grevistas; de resto, a orientação sindicalista revolucionária vinha, também ela, conquistando cada vez mais adeptos entre os trabalhadores.
3. A "questão religiosa" - Sendo certo que a "questão religiosa" surge reiteradamente como um dos problemas estruturantes que mais têm sido apontados para justificar o fracasso da experiência da I República portuguesa, a verdade é que são poucos os elementos que permitem concluir que a Lei de Separação entre as Igrejas e o Estado - promulgada a 20 de abril de 1911 pelo ministro da Justiça, Afonso Costa - teve uma influência direta no afastamento da República, e do seu ideário, em relação às classes rurais e conservadoras, tradicionalmente católicas. É aliás sabido que, apesar de logo na primeira reunião do Conselho de Ministros, realizada a 9 de outubro de 1910, o ministro da Justiça ter feito aprovar um decreto ordenando a expulsão ou a passagem compulsiva de ordens religiosas à vida secular, o ministro do Interior António José de Almeida acabaria por expedir, quase em simultâneo, uma circular aos governadores civis recomendando-lhes que o culto religioso fosse respeitado em todas as igrejas. António José de Almeida procurava corrigir e moderar os ímpetos mais reformistas que a lei refletia, reenquadrando-a e subordinando-a a propósitos mais gerais: o Governo da República respeita a religião de cada cidadão como mero caso de consciência, contra o qual ninguém pode atentar, e só proceder contra o clericalismo e a reação por serem contrários à liberdade humana, à paz e à ordem social.
4. A ausência de uma política económica - O regime republicano não definiu uma política económica e financeira própria. Os objetivos avançados pelos republicanos neste domínio - fomento económico e equilíbrio das contas públicas - eram bastante idênticos aos contemplados no modelo económico da Regeneração, apesar de considerarem premente a revisão da estratégia a prosseguir. Importa, contudo, não esquecer que, apesar das propostas de fomento avançadas pela República terem ficado, na maioria dos casos, por concretizar, foram sendo incorporadas algumas novidades bastante significativas, nomeadamente a aposta na difusão da instrução, defesa da exploração racional das colónias e aumento do crédito agrícola.
5. A falta de apoio popular - Em termos gerais, e contextualizando o país da revolução, a população portuguesa, composta por 5,5 milhões de habitantes, era maioritariamente analfabeta, permanecendo, no essencial, à margem do significado e do impacto do republicanismo vitoriado. Este seria, de resto, um dos argumentos mais evocados para justificar a renúncia ao direito ao sufrágio universal, tão evocada durante a propaganda, e que a lei eleitoral de 1913 - bem mais restritiva do que a legislação eleitoral monárquica - consubstanciaria.
6. A participação de Portugal na guerra - No seu conjunto, a participação de Portugal na I Guerra Mundial ditou o fim da I República. A guerra pôs a nu, exacerbando-as, todas as clivagens que tinham caracterizado o regime desde a sua implantação, em outubro de 1910: acentuou a impopularidade do Partido Democrático e de Afonso Costa e contribuiu para intensificar o conflito entre o movimento operário e a República.
7. O peso dos monopólios e um vazio do Estado - No início da década de 20, no país diferente que saíra da guerra, eram vários os políticos a considerar que a República tinha falsificado o seu programa, não só porque manteve os monopólios existentes à data da proclamação do regime (tabacos, fósforos), como criara novos privilégios e monopólios. O fracasso do poder político perante o peso e a influência alcançados pelos "grupos económicos" - que durante estes anos chegaram a controlar os principais jornais do país ("Diário de Notícias", "O Século" e "O Primeiro de Janeiro") -, era o reflexo do insucesso das políticas económicas republicanas, aliado à ausência de uma estratégia de atuação global que reservasse ao Estado um papel mais interventivo e dinâmico.

Texto completo publicado na revista Única de 2 de outubro de 2010.

Texto completo aqui

domingo, 19 de dezembro de 2010

Reconhecimento da república portuguesa pelos Estados Unidos da América (EUA)



Ao receber as comunicações oficiais da proclamação da República Portuguesa o governo de Washington instruiu o seu ministro em Lisboa para manter relações com as autoridades de facto necessárias para proteger os interesses americanos, devendo proceder-se ao reconhecimento só depois de a nação ter manifestado por qualquer facto a sua adesão ao novo regime. As autoridades americanas justificaram o seu procedimento com o desejo de deixar à Grã-Bretanha a iniciativa numa questão que dizia principalmente respeito à Europa. Mas o verdadeiro motivo da atitude americana foi, porém, de não querer criar um precedente contra a política que o presidente Taft havia adoptado de não reconhecer os múltiplos ditadores que constantemente surgiam nos países da América Latina, sem lhes impor o respeito pelas normas, democráticas. Esta política, geralmente atribuída ao Presidente Wilson, foi na verdade iniciada pelo seu antecessor Taft, como o caso do reconhecimento da República Portuguesa o demonstra, e foi abandonada pelo presidente Hoover que restabeleceu a doutrina tradicional consagrada por Monroe.
Em 28 de Maio de 1911 realizaram-se as eleições para a Assembleia Constituinte que reuniu pela primeira vez em 19 de Junho, tendo nessa sessão sido abolida a monarquia e adoptado como forma de governo a República Democrática. Nesse mesmo dia o encarregado de negócios americano entregou a Bernardino Machado, ministro dos Negócios Estrangeiros, uma nota pela qual o governo dos Estados Unidos reconhecia formalmente o governo da República Portuguesa. A atitude americana foi seguida pelo México em 29 de Junho e por Salvador em 13 de Julho.
(Continuação)

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Visita de estudo à Exposição "RESISTÊNCIA. Da alternativa republicana à luta contra a ditadura (1891-1974)


No âmbito do seu programa de comemoração do Iº Centenário da República, os alunos do 9º Ano visitaram a exposição em epígrafe, na antiga cadeia da Relação, no Porto.

Núcleos/espaços de visita

I - Sant’Ana - A Caminho da República 1891-1910
II - Pátio - O 5 de Outubro
III - Senhor de Matosinhos - Implantar e defender a I República 1910-18
IV - Santo António - Restauração e Fim da I República 1918-26
V - Santa Teresa - A Ditadura e o Reviralho 1927-31
VI - Átrio das Colunas - Uma Ditadura para durar 1932-34
VII - Sala das Colunas - Resistir 1934-58
VIII - Átrio do Tribunal - O Furacão Delgado 1958-62
IX - Sala do Tribunal - Da Guerra Colonial ao 25 de Abril de 1974
Esta exposição é organizada pela Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República e comissariada por Tereza Siza e Manuel Loff.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Concerto Comemorativo do Centenário da República


Visita do Presidente do Brasil a Portugal, em 1910

No dia 1 de Outubro de 1910, o Presidente do Brasil, Marechal Hermes da Fonseca, deu início a uma visita oficial a Portugal. O Presidente iria permanecer no nosso País até ao dia 8 de Outubro, acompanhando de perto a revolução e a implantação da República. Pouco depois, caberia precisamente à República dos Estados Unidos do Brasil o primeiro reconhecimento oficial do regime de Portugal.


Visita do Presidente do Brasil a Portugal, em 1910

Simbologia Republicana














Para saber mais sobre:
simbologia da bandeira nacional

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

No início da Iª República ... o mundo em 2010

No início do século XX, altura em que a monarquia se desmoronava, por culpa própria e por acção da República, perspectivava-se já aquilo que seria o mundo em 2010. O "sonho" não andaria muito perto da realidade e hoje, aquilo que seriam meras insânias em 1910, são artefactos pré-históricos de uma tecnologia que, de forma despótica, se impõe ao quotidiano das pessoas. Aqui se apresentam alguns exemplos da recolha feita pelos alunos, na altura em que se debruçaram sobre os ambientes e os contextos socio-políticos e culturais que dominavam o Portugal de uma República ainda imberbe.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Entrega de prémios



Concurso "Tenho fé na República"

Por decisão da Direcção Executiva, a entrega dos prémios aos alunos vencedores será feita durante a festa de Natal, no dia 17 de Dezembro.
Parabéns aos vencedores e uma menção de honra para todos aqueles que, não tendo ficado no pódio esmeraram-se, tendo apresentado trabalhos com grande qualidade.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Concurso "Tenho fé na República"

Trabalhos premiados no âmbito da exposição "Tenho fé na República.

Critérios que presidiram à escolha dos trabalhos premiados:
• Rigor histórico;
• Pesquisa desenvolvida e temática abordada;
• Criatividade;
• Materiais utilizados;
• Percepção do objectivo fundamental das comemorações do Iº Centenário da República.

1º Prémio

Ana Sofia Saraiva Martinho - 9º E

Carolina da Silva Ferreira - 9º E

David Capela Martins Silva - 9º E



2º Prémio


Maria José Silva Marques - 9º F


Rita Isabel da Silva Gonçalves - 9º F




3º Prémio

Marisa Rafaela Costa Ribeiro

Raquel Sofia Moreira Ferreira

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Os Presidentes da República

Trabalho desenvolvido pelos alunos do 7º Ano, Turma C, em Área de Projecto
___________________________________

Uma análise corrosiva de Guerra Junqueiro sobre o estado letárgico do povo português

Um povo imbecilizado e resignado,
humilde e macambúzio,
fatalista e sonâmbulo,
burro de carga,
besta de nora,
aguentando pauladas,
sacos de vergonhas,
feixes de misérias,
sem uma rebelião,
um mostrar de dentes,
a energia dum coice,
pois que nem já com as orelhas
é capaz de sacudir as moscas;
um povo em catalepsia ambulante,
não se lembrando nem donde vem,
nem onde está,
nem para onde vai;
um povo, enfim,
que eu adoro,
porque sofre e é bom,
e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso
da alma nacional,
reflexo de astro em silêncio escuro
de lagoa morta (...) Uma burguesia,
cívica e politicamente corrupta ate à medula, não descriminando já o bem do mal,
sem palavras,
sem vergonha,
sem carácter,
havendo homens
que, honrados (?) na vida íntima,
descambam na vida pública
em pantomineiros e sevandijas,
capazes de toda a veniaga e toda a infâmia,
da mentira à falsificação,
da violência ao roubo,
donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral,
escândalos monstruosos,
absolutamente inverosímeis no Limoeiro (...) Um poder legislativo,
esfregão de cozinha do executivo;
este criado de quarto do moderador;
e este, finalmente, tornado absoluto
pela abdicação unânime do país,
e exercido ao acaso da herança,
pelo primeiro que sai dum ventre
- como da roda duma lotaria.
A justiça ao arbítrio da Política,
torcendo-lhe a vara
ao ponto de fazer dela saca-rolhas; Dois partidos (...),
sem ideias,
sem planos,
sem convicções,
incapazes (...)
vivendo ambos do mesmo utilitarismo
céptico e pervertido, análogos nas palavras,
idênticos nos actos,
iguais um ao outro
como duas metades do mesmo zero,
e não se amalgamando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento,
de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar (...)
Guerra Junqueiro, in "Pátria", escrito em 1896

A Republica da pequenada 2



sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Uma história da República contada pelas crianças


No âmbito da comemoração do Centenário da República, os meninos do pré-escolar apresentaram aos seus colegas mais adultos e à comunidade, uma pequena história encenada sobre a transição da monarquia para a República. Ficou o registo impressionante destes artistas de tenra idade que, de viva voz, interpretaram alguns quadros da monarquia e os ambientes republicanos que lhe sucederam.
Para o sucesso desta iniciativa, contribuiu o excelente trabalho desenvolvido pela sua educadora (Lígia). No final foram aplaudidos pelos colegas e pelos seus pais, que fizeram questão de estar presentes. Visitaram, de seguida, a Exposição "Tenho fé na República".

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

História da república


Trabalho realizado por Adriana Pereira e Juliana Barbosa (9º F)

sábado, 23 de outubro de 2010

Sarau "Tenho fé na República"

Este sarau teve como objectivo principal preservar um acontecimento histórico da nossa memória colectiva: “A Implantação da República de 1910”. Reviver este evento significa entrar no pensamento político da época; reflectir sobre direitos e deveres de cidadania, instituídos pela nossa República; e consciencializar os participantes (alunos, professores e comunidade) para princípios inalienáveis da Democracia, como a Liberdade, a Responsabilidade, a Igualdade e a Solidariedade. Foi, também, um contributo expressivo para a valorização da Língua Portuguesa, quer ao nível da leitura, interpretação dos textos e poemas da época, quer ao nível da sua comunicação.

Foi elaborado um guião com excertos do livro de “ Memórias – Tomo I” de Raul Brandão e de “Pátria” de Guerra Junqueiro. Intercalados com estes excertos, selecção de poemas de Mário Sá Carneiro, Gomes Leal, Fernando Pessoa e Almada Negreiros. Depois de efectuado o alinhamento de todo o material literário, procedeu-se a uma encenação dramática dos principais momentos revolucionários da implantação da República. Parafraseando Fernando Pessoa, no seu poema “Mar Português”: - Valeu a pena? Sim, vai valer a pena. As nossas almas não serão pequenas para espelhar os cem anos da República Portuguesa.



O sarau decorreu na noite de 4 de Outubro de 2010

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Comemoração do centenário - Recital de poesia




Divulgação do recital sobre a República.
Actividade destinada a toda a comunidade das Taipas.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Concursos sobre a República


Concursos a desenvolver no AET

Concurso Conhecer os Presidentes da República - Elaboração de biografias sobre os Presidentes da República. Trabalhos individuais ou colectivos.

Concurso Imagens da República - Elaboração e selecção do melhor cartaz sobre a República. Trabalhos individuais ou colectivos .

Figuras Republicanas - Fixar, na sala de aula, uma figura republicana e a sua biografia. Trabalho elaborado pelos alunos.

Concurso – Caricaturas e cartoons da República - Recolha de cartoons e caricaturas sobre o fim da monarquia e os primeiros anos de república.

Regulamento - consultar Departamento de CSH

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Sobre os presidentes da C. M. de Guimarães

Do nosso leitor Francisco Brito recebemos duas notas sobre alguns vultos da política vimaranense:

1º - O Dr. José Joaquim de Oliveira Bastos não foi Presidente da Câmara durante a I República. Foi Presidente da Câmara durante a Monarquia do Norte (que durou aproximadamente 25 dias). Oliveira Bastos foi (juntamente com o Conde de Margaride e, se não me engano, com o Coronel Amado) um dos principais opositores à I República em Guimarães, tendo estado ligado a vários movimentos monárquicos durante esse período.

2º- O facto de se ter exercido o cargo de Presidente da Câmara durante a I República não é sinónimo de se ser republicano... Por exemplo o Dr. João Rocha dos Santos era monárquico e, quando se deu a restauração monárquica no norte do país, saudou o movimento monárquico (como se pode ver no Livro de Actas da C. M. Guimarães).
Os alunos da turma responsável pelo blogue agradecem esta prestimosa colaboração.

domingo, 23 de maio de 2010

Construção da bandeira nacional em telas modulares

Planificação do trabalho a desenvolver:

1. O trabalho vai se levado a cabo pelo grupo disciplinar de Educação Visual e Tecnológica, do 2.º ciclo do Ensino Básico e pelos grupos disciplinares de Educação Visual e de Educação Tecnológica, do 3.º ciclo.

2. Tratamento iconográfico da Bandeira da República:
a) a bandeira nacional vai ser tratada num conjunto de sete telas de 1,20 m X 0,60 m;
b) cada tela representará um símbolo integrante da bandeira acompanhado pelo texto explicativo do respectivo significado;
c) numa tela de maior dimensão (2,10 m X 1,40 m) será apresentada a actual Bandeira da República, conforme a imagem.
3. O trabalho final será exposto na praça central de Caldas das Taipas, na “Semana da República” (de 1 a 10 de Outubro).
4. A comissão organizadora pretende reproduzi-lo em placard modular (outdoor) para apresentação noutros espaços públicos.
5. Por fim, será colocado em local de destaque na Escola Básica do 2.º e 3.º ciclos de Caldas das Taipas.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Raul Rego - República: regime civilista (2)




É que a República antes de ser o nome de um regime é a vida das gentes e é mesmo regime. É a coisa pública, é por vontade do povo, seja a aclamação de um rei ou príncipe nos campos de S. Mamede, seja a proclamação de um governo provisório, nos Paços do Concelho de Lisboa, em 1910, sejam os acordes de uma "Grândola Vila Morena" a despertarem os cidadãos, militares ou civis, atirando-os para a rua para retomarem os seus direitos, numa manhã de Abril de 1974. Somos o povo independente mais antigo da Europa e não nos parece dispiciendo lembrá-lo numa altura em que os meios de comunicação, as possibilidades de diálogo, nos vão ajudando a constituir a cidadania europeia. E porque não tornar realidade o sonho daqueles que, como Salvador Madariaga se dizem cidadãos por convicção. A convicção firme das gentes é mais forte e sólida pedra das leis.

Raul Rego, República Regime Civilista, conferência proferida no 83º aniversário da Implantação da República (Guimarães).

quarta-feira, 28 de abril de 2010

República - regime civilista (Raul Rego)


Aqui nasceu a República-nação portuguesa e bem se pode dizer que o castelo de Guimarães é, no século XII, o que há-de ser a Rotunda no século XX, os dois grandes padrões do historial da família portuguesa, chamem-se os seus dirigentes príncipes, reis ou presidentes. Não serão as cortes de Coimbra que dizem em 1385 ao príncipe D. João "autorizamo-lo a que se chame Rei"? Os reis, como os presidentes, só o são verdadeiramente por vontade dos povos, ou serão tirânicos, usurpadores de funções que lhes não competem e contra os quais os povos reagem, seja contra Dona Teresa e o conde Peres de Trava, no século XII, seja contra D. Manuel II e a rainha Dona Amélia, no século XX. A primeira reacção marca como que a data do nascimento do país, confirmado na Batalha de S. Mamede; a segunda marca a implantação da República, na Rotunda, em 5 de Outubro de 1910. Raul Rego, República Regime Civilista, conferência proferida no 83º aniversário da Implantação da República (Guimarães).

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Viver Abril


Ao longo da próxima semana, a Escola terá patente uma exposição sobre o 25 de Abril. Desta exposição faz parte um conjunto de materiais elaborados pelos alunos do nono ano. Paralelamente serão ministradas algumas aulas sobre esta temática. As turmas D, E e F elaboraram cartazes alusivos à temática "Rostos da Democracia" que foram disseminados pela escola.

sábado, 27 de março de 2010

Primeira comissão republicana de Guimarães




Lista completa dos membros: José Pinto Teixeira Abreu, Presidente; Mariano Felgueiras, Manuel Ferreira Guimarães, Júlio António Cardoso; José Leite Rodrigues da Silva; Manuel Caetano Martins; José Ribeiro de Freitas. (Cortesia, prof. Rui Faria)

sexta-feira, 26 de março de 2010

O ensino em Guimarães no início da República


Naquela época, no concelho de Guimarães, o número de escolas existentes era apreciável, apesar de nem todas elas estarem em funcionamento. As escolas eram divididas por três sectores, as escolas do sexo masculino, as do sexo feminino e as mistas. Era maior o número de escolas do sexo masculino, pois também era superior o número de rapazes matriculados. Muitas crianças não eram matriculadas. O número de crianças recenseadas é bastante maior do que o número de crianças matriculadas nas escolas do concelho de Guimarães.
Os exames eram executados e em seguida avaliados por um júri. Era maior o número de alunos aprovados por suficiente do que por óptimo. O número de aprovados por distinção era bastante reduzido. Muitas crianças chegavam até a faltar. Nesta altura, as crianças eram muitas vezes obrigadas a conjugar a escola com o trabalho.
Post: Francisca - 9º D; Imagem - Grupo de raparigas do Colégio de Santa Maria em trajes tradicionais minhotos, aquando da «festa recitativa» dedicada às famílias das alunas, que teve lugar nos dias 15 e 16 de Maio de 1918. Casa de Sarmento

quinta-feira, 25 de março de 2010

Ecos da República em Guimarães


1910 - Junto à sede Republicana rebentam dois petardos. Na mesma semana é aberta a nova sede do Centro Republicano. A Comissão Municipal Republicana edita como órgão oficial o jornal de Guimarães tendo como director A. L. de Carvalho. Em Novembro aparece o semanário do Partido progressista "Correio de Guimarães" tendo como director J. Rocha dos Santos. Em 7 de Dezembro, Mariano Felgueiras funda o jornal republicano "A Velha Guarda". No largo da Oliveira, no edifício dos Paços do concelho é proclamada a República. Fica como administrador do concelho, o Dr. Eduardo de Almeida.
Vide a obra editada pelo Circulo de Arte e Recreio, Sobre a República em Guimarães, 1995 e o texto de J. Santos Simões 90º Aniversário da República. Para que Guimarães não esqueça, editada pelo Circulo de Arte e Recreio,2001
Foto: Largo da Oliveira (in Casa de Sarmento)

Semana da Leitura


Coordenada pelo professor Carlos Monteiro, a semana da leitura iniciou-se com uma actividade na Biblioteca Escolar, dirigida aos alunos do sétimo ano - um concurso de leitura. Foram escolhidos alguns contos tradicionais portugueses e, em particular, os contos de Teófilo Braga, ilustre republicano.
Joaquim Teófilo Fernandes Braga nasceu a 24 de Fevereiro de 1843 em Ponta Delgada. Desde cedo mostrou inclinação para a literatura, pois em 1859, com apenas dezasseis anos publicou, na tipografia onde trabalhava, o livro "Folhas Verdes". Em 1861 vai para Coimbra e ingressa no curso de Direito. Nessa época, em suas colaborações no jornal "O Instituto" e na "Revista de Coimbra", já se mostrava contra aos exageros ultra-românticos. Em 1864 publica as obras "Visão dos Tempos" e "Tempestades Sonoras", consideradas obras revolucionárias, pois tem uma nítida função social. Ao terminar o curso de Direito, Teófilo foi viver na cidade do Porto e depois vai para Lisboa, onde passa a leccionar literatura no Curso Superior de Letras. Republicano Militante, é convidado em 1910 para exercer o cargo de Presidente do Governo Provisório, sendo eleito, algum tempo depois, Presidente da República. Além de poeta e político, Teófilo Braga foi um dos mais brilhantes historiadores da literatura portuguesa. Faleceu 28 de Janeiro de 1924 na cidade de Lisboa. Ler mais

terça-feira, 23 de março de 2010

Eduardo d'Almeida - a crítica social

A Adriana fala, no poste seguinte, de uma publicação que Eduardo d' Almeida, juntamente com Alfredo Pimenta, publicou e que provocou grande polémica por ser um manifesto dirigido contra a sociedade decadente e desigual. O folheto com 16 páginas intitulado Burgo Podre, escrito em prosa (de Eduardo de Almeida) e em versos (de Pimenta), propunha levar moralidade aos domicílios vimaranenses. Meio século mais tarde, Mário Cardozo classificaria a obra como "um folheto de má prosa e de péssimos versos". Alguns anos antes, Alfredo Pimenta recordava aquela coisa inconcebível que os dois jovens vimaranenses tinham trazido de Coimbra no fundo das malas: "dezasseis páginas tremendas, irreverentes, sacrílegas com que nos propúnhamos dinamitar o burgo, purificar o Céu, e limpar as almas, e lavar os corpos dos nossos conterrâneos”. A folha provocou algum escândalo.
Com a instauração da República em Portugal é chamado à cidade natal, onde irá assumir as funções de primeiro administrador do Concelho do novo regime. Do seu exercício nesse cargo ficariam na memória, antes de mais, as suas profundas preocupações sociais. Em 1911, foi eleito deputado por Guimarães para a constituinte. Vide, No cinquentenário da morte de Eduardo d'Almeida.

Eduardo d'Almeida - curta biografia

Eduardo Manuel de Almeida Júnior nasceu em 3 de Fevereiro de 1884, em Guimarães. Completa o curso aos 21 anos na faculdade de Direito de Coimbra. Juntamente com um amigo escreve um livro sobre moralidade, mas foi muito criticado e apenas foram publicados dois dos números. Quando finda o curso volta à terra natal onde se torna um advogado conceituado. Este era um homem de letras e escreveu o primeiro livro em 1905, “A Lama”, dirigida para a sátira social. Em 1908, estabelece-se no Porto com um escritório de advocacia. Com a implantação da república é chamado a Guimarães, é presente no Parlamento e admirado pelos seus dotes de oratória e preocupações sociais, mas decide não seguir uma carreira política. Assume os negócios da família com a morte do pai, mas, sempre fiel à república, torna-se director de dois jornais tendo sido muito importante na história da Sociedade Martins Sarmento, que viria a passar dificuldades, tornando-se monárquica e perdendo adeptos. Este senhor reergueu a Sociedade, à qual fazia parte devolvendo-lhe o prestígio. Morre em 6 de Janeiro de 1958. (Post - Adriana Silva - 9ºD)
Sugestões: Biografia

Eduardo de Almeida, ilustre republicano de Guimarães



"que notável figura de cidadão, de escritor, de advogado e de orador foi o Dr. Eduardo d'Almeida - um dos últimos românticos da República, carácter de eleição, alma comovida e empolgante ante as grandes causas do Homem e da Pátria, em cuja obra tumultam os sonhos febris de um mundo social mais justo ou brilha serenamente a bondade persuasiva dos iluminados". Aníbal Mendonça (Primeiro de Janeiro de 12/1/1959)
Mais logo, post da Adriana com biografia deste republicanio.

segunda-feira, 22 de março de 2010

No dia da árvore, a ÁRVORE do CENTENÁRIO

Comemorou-se, hoje, o dia da árvore, com a plantação de uma espécie autóctone. Esta iniciativa decorre do programa do AET para as comemorações do Centenário da República, em colaboração com o Programa Eco-escolas. A plantação desta árvore configura uma simbologia da república, mantendo vivos os seus ideais, ao promover acções no âmbito da educação ambiental e do exercício de uma cidadania activa.
Pretendeu-se, ainda, consciencializar para a importância da preservação da floresta autóctone local e regional. A aluna Ana Martinho fechou esta actividade com a declamação de uma poesia de António Ramos Rosa, Cada árvore é um ser para ser em nós. Na semana da República, em Outubro, será descerrada, junto deste exemplar, uma placa comemorativa alusiva ao centenário.


sexta-feira, 19 de março de 2010

Imprensa de influência republicana publicada no concelho de Guimarães

As alunas Ângela Salgado e Susana Salgado fizeram uma pesquisa sobre a imprensa periódica, de índole republicana, que foi dada à estampa no concelho de Guimarães, tendo sinalizado as seguintes publicações:

quinta-feira, 18 de março de 2010

O ambiente na estância termal das Taipas durante a Iª República

Dia a dia vamos registando mais entusiasmo nesta linda estancia que vem sendo frequentada pela nossa melhor sociedade.
Os nosso aquistas teem promovido constantes diversões em que reina sempre a mais franca alegria e a melhor camaradagem.
Sucedem-se os “pic-nics”, os bailes, as festas as mais variadas e interesantes. Anteontem tiveram os hospedes do Hotel das Termas um animado “pic-nic” na quinta do Paço, em Briteiros, para onde se dirigiram em automóveis (...). No regresso realizaram no salão nobre do Hotel uma interessante festa intima, oferecendo os cavalheiros ramos de flores com graciosos discursos. Foi uma festa que deixou em todos viva recordação (...).”
Jornal das Taipas, 1921,Julho,31,Domingo. Nº 28, Ano 1º (Fotografia cedida pelo prof. António OLiveira)

A projecção da estância termal das Taipas no estrangeiro

Tivemos o prazer de ver ontem entre nós a talentosa escritora inglesa Miss Beatrix Keppel Thompsom, que aqui veio como enviada especial do jornal inglês “Times”, afim de colher informes sobre as nossas estancias. A nossa ilustre viajante retirou daqui com agradabilissimas impressões assegurando que faria conhecer no seu país a nossa linda estancia, onde encontrara um hotel e um balneário modelares, como não viu ainda mais confortaveis nem com mais aceio.
Acompanhava-a o ex.mo sr. Simão Duarte de Oliveira, cavalheiro de primorosas qualidades a quem a agricultura do Norte deve o seu melhor impulso e o nosso amigo sr. Manuel Esteves. “
Jornal das Taipas, 1921, Agosto,7,Domingo, Nº 29, Ano 1º. (imagem cedida pelo prof. António Oliveira)

O Hotel das Termas, nascido aquando da Iª República


A primeira pedra do Hotel das Termas, nas Caldas das Taipas, foi lançada no dia 3 de Outubro de 1915. A traça é da autoria do arquitecto portuense Eduardo da Costa Alves, cujo projecto foi aprovado pelo governo de então e publicado no Diário do Governo nº92, 2ªsérie de 19 de Abril de 1916. A Primeira Guerra Mundial originou a carestia de materiais e a falta de operários, provocando assim sucessivos atrasos na construção da última ala do hotel que ficaria apenas totalmente concluída em 1924. Este imóvel foi construído pela Empresa Termal das Taipas S.A.R.L. detentora até 1986, da exploração das águas termais nas Taipas (Banhos Velhos e Banhos Novos).
Após a publicação da Lei nº1152 que criou em 1922 as Comissões de Iniciativa no nosso país, o turismo nas Taipas sofre um novo impulso. A Comissão de Iniciativa desta povoação, juntamente com o esforço de Francisco de Oliveira, Joaquim da Silva Ferreira Monteiro e o Dr. Francisco de Carvalho Ribeiro vai iniciar um processo de aquisição de terrenos necessários para a abertura da Avenida do Parque (actual Av.Rosas Guimarães e antiga Av. Salazar) e para a construção do Parque de Turismo. Pelo Decreto Lei nº27424, datado de 31 de Dezembro de 1936, em substituição das Comissões de Iniciativa são criadas as Juntas de Turismo.
Pouco tempo depois, é formada a Junta de Turismo das Taipas, que na década de 50 e 60 juntamente com a Junta de Freguesia, irá proceder à construção de piscinas para adultos e crianças, de campos de patinagem, parque infantil (junto à piscina), campos de ténis, parque de campismo e à criação de um posto de turismo. Neste posto de turismo, procedia-se a um atendimento dos vários aquistas e turistas que frequentavam esta vila, fornecendo-lhes valiosas informações, ao mesmo tempo que tal espaço era dinamizado com várias actividades culturais, das quais salientámos as exposições.
Em meados da década de 80, com a extinção da Junta de Turismo das Taipas, em sua substituição é formada a Cooperativa Taipas Turitermas, da qual a Câmara Municipal de Guimarães é a principal accionista. Em 1993, o posto de turismo localizado na Av. da República é encerrado ao público, sendo construída no seu lugar uma agência bancária (C.G.D.) que irá também ocupar o espaço da sede da Junta de Freguesia de Caldelas, sem que noutro local se tenha criado outro posto de turismo alternativo. (Colaboração e post, prof. António Oliveira)

terça-feira, 16 de março de 2010

Os banhos e as Caldas das Taipas


A Alexandra Ferreira desenvolveu, nos últimos tempos, um trabalho de procura e identificação de fontes sobre as Caldas das Taipas, socorrendo-se do espólio do sr. Carlos Marques. Sobre os banhos públicos e as futuras termas conseguiu, no Comércio de Guimarães, a seguinte informação:
Foi um pharmaceutico (cujo nome e morada se ignoram ), que deu origem aos banhos, por ser o primeiro que descobriu ali um poço d’água sulfúrica quente, mandado fazer-lhe em volta um resguardo de taboas, para os pobres tomarem banho, e d’ahi lhe deram o nome de Caldas das Taypas. Dentro de pouco tempo correu fama a excellencia da água para doenças de pelle. Ao lado norte dos banhos está um penedo com duas faces aprumadas, n’uma das quaes se acha gravada em caracteres que a mão do tempo tornou quasi imperceptíveis uma inscripção, quem diz:
«Aquella obra mandou fazer o imperador Trajano Augusto, filho de César Nerva vencedor dos alemaens; e do Pontifice Maximo. Sendo tribuno do povo, a sétima vez imperador, Consul a quarta e tendo título de pae da pátria.»
Na outra face está também gravada a seguinte inscripção:
«Para alivio da humanidade e remédio de rebeldes doenças herpéticas. Foram renovados e aumentados estes banhos thermaes por ordem do senado da comarca da Villa de Guimarães, sendo seu prezidente o António Cardozo de Menezes e Athayde - António do Couto Ribeiro – secretário; José Leite Duarte, procurador Manuel Luiz de Sousa.»
Em testemunho do seu zelo e actividade, para emulação dos vindouros, elles mesmos mandaram gravar esta inscripção, que desafia e vencerá o tempo e a eternidade em 1818. “
Comércio de Guimarães nº2037, 6 de Fevereiro de 1906 (Post: Alexandra Gonçalves Ferreira, 9º E)

quinta-feira, 11 de março de 2010

O primeiro aniversário da República na cidade de Guimarães

No dia 6 de Outubro de 1911, comemorou-se o primeiro Aniversário da República em Guimarães. Foi uma quinta feira de festejos com música e fogo de artifício, onde estiveram presentes a população, o presidente da Comissão Municipal, Teixeira d’Abreu e os Drs. Alfredo Pimenta (ilustre republicano) e Eduardo de Almeida. À noite, uma marcha foi animada pela filarmónica, o regimento de Infantaria 20 e a respectiva banda.
Os factos:
Commemorando o 1º anniversario da republica houve na 5ªfeira manifestações de regosijo, constando de fogo e música, de um bodo de 500 pobres, sessão solenne na Câmara Municipal onde usaram da palavra os snrs. Teixeira d’Abreu, digno presidente da Commissão Municipal e Drs. Alfredo Pimenta e Eduardo de Almeida. À noite organizou-se uma marcha “aux flambeaux” em que tomou parte o regimento d’infantaria 20, respectiva banda, populares e philarmonica “Bôa-União (In Imparcial, nº 282, 7.º ano, semanário, Guimarães, 6 de Outubro de 1911)

(Post: Bárbara Rodrigues; Foto: Abade de Tagilde, preso por manifestar ideias republicanas; Arquivo - Sociedade Martins Sarmento)

terça-feira, 9 de março de 2010

O ideário republicano nas páginas da imprensa - A Velha Guarda

Ao povo de Guimarães
“Ao encetarmos a nossa carreira, as nossas primeiras palavras são de saudações à cidade de Guimarães e ao Director do Partido Republicano Português (…).
A Velha Guarda representa os republicanos antigos da cidade de Guimarães. Representa os que nunca tiveram medo, os que nunca se esconderam, os que soffreram e luctaram quando a República era considerada um mytho em todo o país e muito mais nesta cidade onde o reaccionarismo infelizmente tem imperado sempre. Representa os Republicanos que já o eram antes da data gloriosa de 5 de Outubro (…)”. (In A Velha Guarda, n.º 1, 1.º ano, semanário, Guimarães, 7 de Dezembro de 1910) Foto: Vista geral da cidade, 1912, Arquivo: Sociedade Martins Sarmento

segunda-feira, 8 de março de 2010

As mulheres da república ... no Dia Internacional da Mulher

Adelaide Cabete é uma das figuras importantes da história portuguesa do início do século XX. Foi médica e professora. Nasceu em Elvas, em 25 de Janeiro de 1867 e faleceu em Lisboa, em 14 de Setembro de 1935. De origem humilde e órfã, desde criança conheceu o duro trabalho de servir, em casas ricas de Elvas, nas quais, de ouvido, aprendeu os rudimentos da escrita e leitura. Licenciou-se em Medicina no ano de 1900, na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, apresentando como tema de dissertação de conclusão de curso um estudo intitulado A Protecção às Mulheres Grávidas Pobres, mais tarde publicado. Mais informação
Imagem APH
Ana Castro Osório - Escreveu, em 1905, “Mulheres Portuguesas”, o primeiro manifesto feminista português. Foi pioneira na luta pela igualdade de direitos. O seu activismo levou à criação da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas. Colaborou com Afonso Costa na criação da Lei do Divórcio. Defendeu até à exaustão que as mulheres não deviam ser meras peças decorativas e que a educação era o “passo definitivo para a libertação feminina”. Esta mulher notável é considerada a fundadora da literatura infantil em Portugal. Escreveu romances, novelas e peças de teatro.
Mais informação

Maria Veleda foi uma mulher pioneira na luta pela educação das crianças e os direitos das mulheres e na propaganda dos ideais republicanos, destacando-se como uma das mais importantes dirigentes do primeiro movimento feminista português, tendo dedicado grande parte da sua vida à defesa dos ideais de justiça, liberdade, igualdade e democracia, na busca de uma sociedade melhor. Mais informação.
Imagem: APH

Carolina Beatriz Ângelo
Médica, lutadora sufragista e fundadora da Associação de Propaganda Feminista, foi a primeira mulher a votar em Portugal, embora vivesse num país em que o sufrágio universal só seria instituído passados mais de sessenta anos, ou seja, depois do 25 de Abril de 1974.
Mais informação:
As suas ideias
Este post teve a contribuição dos alunos do nono ano, turma F, como forma de homenagear as mulheres que, no nosso país e em tempos difíceis, também souberam fazer história.

Dia Internacional da Mulher


O Dia Internacional da Mulher, celebrado a 8 de Março, tem origem nas manifestações femininas por melhores condições de trabalho e direito de voto, no início do século XX, na Europa e nos Estados Unidos. A data foi adoptada pelas Nações Unidas, em 1975, para lembrar tanto as conquistas sociais, políticas e económicas das mulheres como as discriminações e as violências a que muitas mulheres ainda estão sujeitas em todo o mundo.
Mais logo, neste blogue, os alunos irão prestar homenagem a algumas mulheres da I República.


Poema Melancólico a não sei que Mulher

Dei-te os dias, as horas e os minutos
Destes anos de vida que passaram;
Nos meus versos ficaram
Imagens que são máscaras anónimas
Do teu rosto proibido;
A fome insatisfeita que senti
Era de ti,
Fome do instinto que não foi ouvido.

Agora retrocedo, leio os versos,
Conto as desilusões no rol do coração,
Recordo o pesadelo dos desejos,
Olho o deserto humano desolado,
E pergunto porquê, por que razão
Nas dunas do teu peito o vento passa
Sem tropeçar na graça
Do mais leve sinal da minha mão...

Miguel Torga, in 'Diário VII'

sábado, 6 de março de 2010

Os diferentes governos da República - Acontecimentos

O Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas disponibibiliza, a partir das suas directorias, uma cronologia com os acontecimentos dos governos da I República. Um espaço onde pode ser colhida informação muito importante sobre o evoluir do regime e sobre a composição dos diferentes governos (e foram muitos).

quinta-feira, 4 de março de 2010

A escolha da bandeira nacional

No dia 5 de Outubro de 1910, da varanda da Câmara Municipal de Lisboa, proclamou-se a República. Saíram milhares de pessoas para a rua a festejar, a notícia espalhou-se rapidamente pelo país e a mudança tornou-se um facto consumado.
Uma mudança tão profunda justificava que se escolhesse outra bandeira nacional. Mas que cores se deviam usar? E que símbolos?
O governo não perdeu tempo e logo a 15 de Outubro reuniu um grupo de gente com grande prestígio para que elaborasse um projecto de bandeira. Desse grupo faziam parte: o pintor Columbano Bordalo Pinheiro; o jornalista João Chagas; o escritor Abel Acácio de Almeida Botelho; o capitão de artilharia José Afonso Pala e o primeiro-tenente da Marinha António Ladislau Parreira. Naturalmente inspiraram-se nas bandeiras dos centros republicanos e das sociedades secretas que tinham contribuído para o êxito da revolução. Informação retirada do portal República nas escolas . Ver, também, o site da Presidência da República.
O Daniel deambulou pela web e encontrou algumas das propostas, projectando-as aqui:


Reconhecimento da bandeira nacional em Guimarães

Realizou-se ao meio dia da passada 5ª feira no salão nobre da Sociedade Martins Sarmento a sessão solene em honra da nova Bandeira Portugueza (…). A banda regimental tocou o hynno nacional – A Portugueza – que foi applaudido vivamente pelo povo que o escutava.
(In A Alvorada, n.º 2, 1.º ano, semanário, Guimarães, 3 de Dezembro de 1910)

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

A implantação da república na imprensa vimaranense - II

A mudança de regime esteve associada a um momento controverso da história nacional, Guimarães sempre fora um profundo bastião do tradicionalismo e da antiga ordem, pelo que houve poucos festejos e muitos amargos de boca entre a "elite dirigente". Na imprensa local o Comércio de Guimarães, jornal assumidamente monárquico, o acontecimento é noticiado tardiamente, e de forma pouco entusiasta sob o título " A Nova Ordem". Já o Alvorada, jornal Republicano, o entusiasmo é bem diferente. No auge das lutas político-partidárias e nos conturbados dias da Primeira República, chegou a verificar-se uma morte! Os republicanos eram então apelidados de forma depreciativa por "formigas brancas". A proclamação definitiva da República em Guimarães ocorreu numa sessão extraordinária da Câmara, realizada a 19 de Junho de 1911. Em termos de preocupações, a governação municipal procurou garantir o aformoseamento da cidade, sendo de destacar a importância concedida à limpeza. Foi aliás criado um Plano para a Remodelação do Serviço de Limpeza Pública. Era uma tentativa de controlar a propagação de doenças, mas também a necessidade de embelezar a cidade numa altura em que o turismo começa a afirmar-se como um sector económico a explorar. (com a colaboração dos docentes Rui Faria e Elisabete Pinto)

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

A implantação da República na imprensa vimaranense


Lá (Câmara Municipal de Lisboa) como cá (Câmara Municipal de Guimarães), a varanda dos edifícios foi o palco escolhido para proclamar o novo regime.

À meia hora chegou a commissão republicana acompanhada de 2 bandas de música e algum povo. (…) O snr. Dr. Eduardo Almeida digno administrador do concelho, fez a proclamação da varanda do edifício da câmara, içando em seguida a bandeira republicana e levantando vivas à república e à pátria. A força fez a continência e as bandas tocaram a Portugueza.
(…) Assistiram as autoridades civis e militares e algum povo. Dahi marchou a commissão para o quartel de infantaria 20, onde foi içada a nova Bandeira.

(…) não tem sido alterada, felizmente a ordem pública nesta cidade.
Neste artigo é referido que a ordem observada é devida ao povo e ao Sr. Dr. Eduardo de Almeida – administrador do concelho de Guimarães – que por todas as formas tem procurado demonstrar que não estamos num regimem anarchico, mas num regimem, que para se consolidar, precisa de manter a ordem social e o respeito por todos os cidadãos.
(In O Regenerador, n.º 99, 2.º ano, semanário, Guimarães, 14 de Outubro de 1910)

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

A implantação da República em Guimarães vista pelo Daniel Salazar

Em Guimarães, houve manifestações de apoio ao novo regime por parte dos republicanos. Expressões como 'içada a bandeira na Câmara Municipal, no meio de vivas à República, ao exército, à Pátria, ao povo português'; 'duas bandas de música e a banda regimental'; 'içada a bandeira no quartel de Infantaria 20, repetindo-se as manifestações de regozijo'; 'uma marcha "aux flambeaux"; 'alguns conhecidos republicanos (...) empunhavam bandeiras republicanas'; demonstram a necessidade que se fazia sentir em fazer com que o país se familiarizasse com o novo regime. (Daniel Salazar - aluno do 9º E)
Os factos
No dia 8 foi solenemente proclamada a República nesta cidade. Foi içada a bandeira na Câmara Municipal, no meio de vivas à República, ao exército, à Pátria, ao povo português, etc., etc. O largo fronteiro àquele edifício achava-se repleto de povo, bem como estacionavam ali duas bandas de música e a banda regimental que fez a devida continência à bandeira. Em seguida também foi içada a bandeira no quartel de Infantaria 20, repetindo-se as manifestações de regozijo.
Alguns dias e noites percorreu as ruas da cidade uma marcha “aux flambeaux”, vendo-se á sua frente alguns conhecidos republicanos que entusiasmados soltavam vivas e empunhavam bandeiras republicanas. Em todo o percurso houve boa ordem, debandando tudo sem incidentes. Alguns edifícios particulares hastearam bandeiras e iluminaram as suas fachadas”. (In O Comércio de Guimarães, n.º 2495, 27º ano, bissemanário, Guimarães, 11 de Outubro de 1910)

Tinhamo-lo previsto, como tanta vez o dissemos n’este jornal e só quem fosse cêgo de todo, ou não quizesse ver, poderia suppor o contrário. Tudo caminhava dia a dia veloz para o que succedeu! Tudo. (…) Ainda é, muito cedo para se fazer a história da revolução dos primeiros dias d’este mez… De crer é que mais cedo ou mais tarde alguém competente o faça imparcial e justo (…).
O pobre rei D. Manuel II, infeliz creatura só teve à sua volta incompetentes e maus conselheiros. (…) É certo que o abalo que elle sofreu em 1 de Fevereiro de 1908 foi grande, o de 5 de Outubro foi enorme. (In O Comércio de Guimarães, n.º 2496, 27º ano, bissemanário, Guimarães, 14 de Outubro de 1910)

A implantação da república nas Caldas das Taipas vista pelo Daniel Salazar

Jornal de Notícias - Taipas, 10 Novembro, 91910 - Houve grande enthusiasmo à passagem do illustre ministro de guerra, sendo enorme a concorrencia. A manifestação foi delirante, indiscuptivel. N’um phremesi como nunca, soltaram-se vivas à liberdade. A banda executou “A Portugueza“ e queimaram se foguetes e grande quantidade.
A partir deste documento podemos verificar dois factos: o descontentamento da população das Taipas face ao Regime Monárquico, dadas as manifestações de regozijo relativamente novo regime, dando 'vivas à liberdade' e queimando-se foguetes. Não podemos ignorar o facto desta localidade (na altura aldeia) ter exigido um maior investimento, face ao que era feito em comparação com Caldas de Vizela, daí o provável descontentamento com a Monarquia e simpatia pela República, vendo esta como uma esperança. O segundo facto que quero sublinhar é o da propaganda republicana. Podemos concluir que, assim como o Ministro da Guerra passou pelas 'Taypas', passaria também, ou então outros Ministros, por muitas outras localidades em Portugal, fazendo propaganda de apoio à Republica. O Ministro a que alude a notícia era, na altura, António Xavier Correia Barreto (1853-1939), Ministro da Guerra no governo provisório de 5 de Outubro de 1910 a 4 de Setembro de 1911. (Daniel Salazar - aluno do 9º E)